Universidade Federal do Ceará
Centro de Ciências Agrárias

Pesquisadores dos Departamentos de Física (Centro de Ciências) e de Ciências do Solo (Centro de Ciências Agrárias) da Universidade Federal do Ceará têm atuado em parceria no estudo de soluções nanotecnológicas visando à melhoria de solos áridos e secos. A pesquisa rendeu ao grupo uma publicação no periódico Environmental Research, de grande relevância para a área ambiental, com fator de impacto 8.4.

O estudo é focado na utilização de materiais chamados de biocarvões: nanomateriais compostos de carbono provenientes da combustão incompleta (ou carbonização) de resíduos agroindustriais. A ideia é usar o biocarvão como um condicionador do solo, promovendo um aperfeiçoamento de suas qualidades e tornando-o melhor para o uso agrícola.

O artigo é resultado de um esforço multidisciplinar dos pesquisadores em nanotecnologia do Centro de Ciências e de melhoramento de solos do Centro de Ciências Agrárias (Foto: Divulgação)

Intitulado “Biochar as a carbonaceous material to enhance soil quality in drylands ecosystems: a review” (em tradução livre: “Biocarvão como material carbonáceo para melhoria da qualidade do solo em ecossistemas secos: uma revisão”), o artigo traz uma uma revisão crítica de informações sobre a adição do biocarvão em regiões mais secas, abrangendo as interações entre o material e as propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos.

“O artigo de revisão mostra as potencialidades dos biocarvões mundo afora no contexto de ambientes de regiões semiáridas, que têm suas especificidades em termos de solo e, claro, em termos de clima”, resume a Profª Mirian Cristina Gomes Costa, do Departamento de Ciências do Solo. “Fizemos um apanhando de informações a respeito do que a ciência já revelou sobre utilização desses biocarvões [nesse tipo de solo].”

O artigo inclui informações sobre aspectos econômicos e de pós-tratamento na produção dos biocarvões; impactos da aplicação do material na qualidade física do solo; impactos dos biocarvões em atributos químicos com distinção quanto à disponibilidade de macro e micronutrientes em solos ácidos e alcalinos; interação dos biocarvões em solos afetados por sais; e informações sobre os efeitos dos biocarvões no microbioma do solo.

Assinam a pesquisa publicada: Ícaro Vasconcelos do Nascimento, Laís Gomes Fregolente, Arthur Prudêncio de Araújo Pereira, Carla Danielle Vasconcelos do Nascimento, Jaedson Cláudio Anunciato Mota, Odair Pastor Ferreira, Helon Hébano de Freitas Sousa, Débora Gonçala Gomes da Silva, Lucas Rodrigues Simões, Antônio Gomes Souza Filho e Mirian Cristina Gomes Costa.

O estudo, que deve gerar pedido de patente, é baseado na utilização de nanomateriais chamados de biocarvões para melhor utilização agrícola (Imagem: Divulgação)

PATENTE – O artigo é resultado de um esforço multidisciplinar dos pesquisadores da UFC, unindo pesquisas com nanotecnologia desenvolvidas no Centro de Ciências (CC) e pesquisas de melhoramento de solos no Centro de Ciências Agrárias (CCA).

As pesquisas já forneceram à equipe resultados suficientes para um pedido de patente feito ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O pedido é referente à aplicação de biocarvão produzido de bagaço de caju como condicionador físico de solos que apresentam o chamado caráter coeso em seus horizontes, encontrados em tabuleiros costeiros (são solos com consistência muito dura).

Os estudos da equipe contemplam a aplicação dos biocarvões ao solo como fonte de nutrientes para a agricultura, o tratamento de solos afetados por sais e a revegetação e recuperação de solos degradados pela desertificação.

A equipe é constituída pelo Prof. Antonio Gomes Souza Filho, do Departamento de Física; professores Mirian Cristina Gomes Costa, Jaedson Cláudio Anunciato Mota, Helon Hébano de Freitas Souza e Arthur Prudêncio de Araújo Pereira, do Departamento de Ciências do Solo; pelo Prof. Odair Pastor Ferreira, da Universidade Estadual de Londrina; pela pesquisadora Laís Gomes Fregolente, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM); além de pós-doutorandos, bolsistas de apoio técnico e pós-graduandos dos Programas de Pós-Graduação em Física e em Ciência do Solo.

Fonte: Profª Mirian Cristina Gomes Costa, do Departamento de Ciências do Solo – e-mail: mirian.costa@ufc.br

Notícia publicada originalmente no site da UFC.