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Reúso ou dessalinização?

Data da publicação: 6 de dezembro de 2016 Categoria: Notícias

Há quem defenda a tecnologia de dessalinização da água do mar e de reúso do esgoto de Fortaleza. Mas também quem questione a tecnologia de retirar sal da água, pela sua viabilidade econômica. Conforme publicado pelo O POVO no último domingo, ambas as possibilidades são levantadas pela Cagece, que busca viabilidade financeira, inclusive estudando a implantação de bandeira tarifária. Em fase mais avançada, o reúso já deve começar no ano que vem. Mas, afinal, qual deve ser a prioridade de implantação diante do quinto ano consecutivo de seca no Ceará?

Francisco Vieira Paiva, professor adjunto do Centro de Tecnologia da Universidade de Fortaleza (Unifor) e diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Sanebras, empresa especializada em Estações de Tratamento de Efluentes (ETE), questiona a tecnologia de dessalinização.

“Vem uma empresa de porte internacional, doida para fazer o serviço. O Governo do Estado convida. Mas aí começa a chover. Quem vai pagar pelo equipamento quando estiver parado? Quando as termelétricas param, elas continuam recebendo. Do mesmo jeito será com a dessalinização”, avalia.

Para ele, o reúso do esgoto de Fortaleza é urgente. “Temos capacidade de captar 4 m³/s do esgoto da Cidade e utilizar essa água no Pecém, na siderúrgica. Não é potável, mas é menos água saindo do sistema do Castanhão. Há 15 anos, quando eu fazia mestrado na UFC (Universidade Federal do Ceará), mostrei essa possibilidade para o Governo, mas ele age somente quando a situação fica crítica”.

Paiva acrescenta que devemos usar exemplos de países como a Namíbia, do continente Africano, que faz reúso desde 1962 e transforma a água do esgoto em potável. “Estamos perdendo tempo. Acho que vamos tomar uma decisão quando, de repente, secar tudo. Se fizermos reúso, serão 4m³/s a mais de água para a população”, diz e ainda calcula que a dessalinização chega a ser 300% mais cara ante a técnica de reúso.

Claudivan Feitosa de Lacerda, professor do curso de Agronomia, do Departamento de Engenharia Agrícola da UFC, diz que nem sempre é possível optar por uma ou outra solução. “Nas comunidades isoladas no interior do Estado, muitas vezes, a única fonte de água é um poço de água salobra. Nesse caso, a opção pela dessalinização é óbvia para garantir o consumo das pessoas. Outras opções seriam a cisterna ou o velho carro pipa. A possibilidade de reúso aqui é mínima”, avalia.

Já na maioria das zonas urbanas do interior ele garante que existe a possibilidade de tratar e reutilizar água, mas nem sempre existe água salobra para dessalinizar. “Então, nessas cidades, onde há tratamento do esgoto, o reúso seria ótima opção”. E para retirar água do mar Lacerda diz que a opção clara é no litoral de Fortaleza.

“Dessalinizar água do mar é uma decisão mais extrema, e há grande gasto de energia. Já o tratamento da água de esgoto doméstico e de indústrias é uma necessidade tanto em termos de aspectos ambientais como em termos da própria saúde das pessoas”. Portanto, o professor diz que o reúso seria a opção que deveria ser tratada como prioridade em relação à dessalinização.

Fonte: Jornal O Povo

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