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Universidade Federal do Ceará
Centro de Ciências Agrárias

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Nova patente: máquina para instalação de cercas agropecuárias através de mecanismos de robótica é desenvolvida no CCA – equipamento único no mundo

Data de publicação: 29 de março de 2022. Categoria: Notícias
O invento, que foi desenvolvido no Centro de Ciências Agrárias da UFC, acaba de receber a carta patente do INPI, órgão federal responsável pelo registro de marcas e patentes

Ancorada em mecanismos só possíveis por meio da robótica, uma máquina capaz de realizar todas as operações da instalação de cercas agropecuárias acaba de ter sua carta patente expedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Criado no Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Ceará, o invento foi motivado pela busca de soluções para o problema da escassez de mão de obra no campo.

O chamado “Sistema Mecanizado Multifuncional Tracionado para Implantação de Cercas Agropecuárias” tem a capacidade de coletar e movimentar estacas e mourões, perfurar o solo e fixar essas estacas e mourões. Além disso, a máquina dispõe e fixa os arames da cerca, agilizando o trabalho do agricultor.

“Não existe nenhuma máquina no mundo que faça todas as operações conjugadas que este invento realiza”, afirma o Prof. Daniel Albiero, um dos inventores do novo maquinário, que, à época de sua idealização, era docente do Departamento de Engenharia Agrícola da UFC. “Existem máquinas que abrem os furos no solo, existem máquinas que colocam o mourão, e existem máquinas que pregam o arame. Mas, todas as operações conjugadas ao mesmo tempo, não existe”, garante. “Este fato somente foi possível devido ao uso extensivo e intensivo de robótica”, esclarece o professor, que hoje é docente da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

No momento, a máquina possui apenas um protótipo digital, isto é, ela foi simulada em ambiente virtual. Mas, segundo o inventor, assim que fabricado, o equipamento terá demanda no mercado. “Em havendo o produto, terá vendas certas”, assevera. A razão deste otimismo, aponta o professor, é que a ideia da máquina surgiu após conversações com grandes pecuaristas das regiões Norte e Centro-Oeste, ou seja, já partiu de uma necessidade dos empresários.

Imagem de uma fazenda e uma máquina agropecuária

Equipamento foi desenvolvido após demanda de grandes pecuaristas das regiões Norte e Centro-Oeste (Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini)

São exatamente os grandes pecuaristas o potencial público consumidor preferencial da máquina. “Os grandes certamente vão adquirir uma máquina, pois possuem centenas de quilômetros de cercas. Os médios e pequenos podem alugar de uma prestadora de serviços”, indica. O preço previsto para o equipamento é em torno de R$ 350 mil.

Hoje, a atividade de cercamento de propriedades é feita, em geral, de forma manual, por pelo menos duas pessoas, as quais implantam 100 metros de cerca em um período de oito horas. A carta patente do invento destaca que essa atividade acaba por dispensar muito tempo e esforço do agricultor, que compõe uma mão de obra já em escassez.

“Na agropecuária brasileira, o agricultor, quase sempre, mescla a produção vegetal com a produção animal, sendo necessária a construção de muitas cercas, mesmo em pequenas
áreas. Uma alternativa para esse problema seria a utilização de máquinas e equipamentos como forma de facilitar as atividades desenvolvidas no campo”, salienta o documento. A máquina criada na UFC é capaz de implantar 200 metros de cerca por hora, com apenas um operador. Um outro é necessário para controlar o trator, ao qual o equipamento é acoplado.

Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), na agropecuária, instalações zootécnicas feitas de forma adequada facilitam o manejo dos rebanhos e das pastagens. As cercas são construções com a função de guardar animais, proteger terrenos, delimitar áreas, entre outras aplicações.

O professor afirma que existem poucas pesquisas, máquinas e implementos agrícolas que facilitem a atividade de implantação de cercas. Para ele, a inclusão de tecnologias inovadoras, como a máquina que acaba de receber sua carta patente, tem o potencial de beneficiar o setor e contribuir para a elevação da qualidade do trabalho agrícola. “Com isso, espera-se que a inovação tecnológica gere renda para o agricultor, aperfeiçoando e inovando os sistemas de produção”, avalia.

O INVENTO

O sistema multifuncional para implantação de cercas é tracionado por um trator. Ele funciona perfurando o solo, depositando a estaca ou mourão e compactando a região em torno dela. Após esse processo, há um sistema apropriado para esticar e fixar o arame, que pode ser liso ou farpado, na estaca. “As fontes de potência deste novo equipamento serão providas pelo trator, que fornecerá energia hidráulica, energia elétrica e energia pneumática, além da energia cinética referente ao tracionamento do sistema como um todo”, informa o documento.

O Prof. Albiero explica que as cercas agropecuárias duram, em geral, em torno de oito anos, podendo chegar a 15 anos, considerando que elas sejam feitas com mourões de eucalipto. “Mourões de madeiras nobres, tais como a aroeira ou a cabreúva, podem chegar a 30 anos, mas não existem mais estas madeiras para serem utilizadas. E, se forem utilizadas, isto indica crime ambiental. As únicas exceções permitidas são os manejos controlados ou cultivos registrados, porém eles são muito poucos e raros no Brasil”, relata.

O depósito da carta patente foi feito em 2016, sendo esta expedida no início de março de 2022. Ela é a 27ª carta patente da UFC, a 15ª do Centro de Ciências Agrárias (CCA) e a 8ª que traz como inventor o Prof. Daniel Albiero. Além dele, a carta patente da máquina tem também como inventores Carlos Alessandro Chioderoli, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFC; Renata Fernandes de Queiroz e Francisco Ronaldo Belém Fernandes, que à época cursavam mestrado no referido programa, e Rafaela Paula Melo, então doutoranda em Engenharia de Sistemas Agrícolas pela UFC.

Fonte: Prof. Daniel Albiero ‒ e-mail: daniel.albiero@gmail.com

Notícia redigida por Sérgio de Sousa, da Agência UFC.

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